TEMA: Combate ao preconceito linguístico na contemporaneidade
O escritor Carlos Drummond de Andrade em seu poema, “No meio do Caminho” , retrata, de modo figurado, os contratempos que o ser humano tende a enfrentar em sua jornada, ademais de trazer uma linguagem em rimas simples. Analogamente, esse preceito assemelha-se à luta cotidiana de pessoas vítimas do preconceito linguístico, visto que a norma padrão empregada nos estudos dos jovens pouco se assemelha à língua falada atualmente. Dessa maneira, é sugestivo que a problemática desenvolva-se em torno da diferença de classes sociais, já que ao ter maior poder aquisitivo, se tem uma melhor educação e com menor, consequentemente, menos oportunidades, resultando muitas das vezes no destino de seu futuro..
Atualmente se observa a ineficácia de medidas governamentais para combater a discriminação sofrida por pessoas pobres, em virtude do escasso investimento em escolas públicas. Sob a perspectiva do filósofo São Tomás de Aquino, em uma sociedade democrática, todos os indivíduos são dignos e têm a mesma importância, além dos direitos e deveres que devem ser garantidos pelo Estado; entretanto essa perspectiva não é muito bem seguida no Brasil. Nesse sentido, por causa dos baixos investimentos educacionais, rouba-se o direito de pessoas menos favorecidas aprenderem como falar a norma culta, que em diversos ambientes de trabalho é exigida como pré-requisito para contratação. De tal maneira é favorecido a desigualdade e a ideia de que o português falado pela classe mais carente não é o correto.
Outrossim, a gramática estritamente formal ensinada em escolas pode ser apontada como promotor de problemas, visto que a sociedade não segue à risca uma norma que foi implementada há séculos. Na série Chaves, o personagem principal Chaves, que vive praticamente dentro de um barril no pátio de uma comunidade, é motivo de piada em diversas cenas por falar frases ou palavras de forma errada. O constrangimento sofrido pelo menino é observado nas escolas cotidianamente, logo muitas crianças ou adolescentes em virtude disso preferem o êxodo escolar do que enfrentar uma pedra no meio do caminho.
É necessário, portanto, que medidas sejam tomadas para facilitar a resolução destes empecilhos. Dessa forma o Estado, juntamente com o Ministério da Educação, devem uma atenção a deficiência de ensino que muitos sofrem, buscando prover recursos que sejam suficientes para implementar escolas com bons livros, materiais didáticos, professores capacitados, que além de passar conhecimento, procurem formas de combater o preconceito não só com a correção do que é chamado de “falado errado”, mas também explicando que o modo de falar diz respeito a cada um e não cabe a outros julgar ou chacotear. Mediante isso, o caminho que “tinha uma pedra” pode ensinar que obstáculos são feitos para serem ultrapassados.