TEMA: A prática da medicina pode seguir por um caminho mais leve, diferentemente da forma mais tradicional, geralmente ensinada nos cursos de graduação?
Aristóteles, grande pensador da Antiguidade, defende a importância do conhecimento para a obtenção da plenitude da essência humana. Para o filósofo, sem a razão e a sabedoria, nada separa a espécie humana do restante dos animais. Nesse contexto, ao presenciar a insensibilidade dos profissionais de saúde, quanto ao tratamento de seus pacientes, vê-se que o princípio aristotélico não é alcançado, na medida em que médicos silenciam as necessidades da população que os procuram e objetificam seres humanos. Por esses motivos, torna-se difícil solucionar as demandas da saúde no país.
Inicialmente, é notório que a escassa empatia observada em postos de saúde está relacionada a um problema ético e moral. Nesse sentido, se leva em consideração que médicos ao atenderem seus pacientes, encaixam cada um deles em um parâmetro, focando apenas na resolução imediata dos sintomas, sem investigar as causas subjacentes da doença. Tal conjuntura, de acordo com Kant, é análoga à “Menoridade Intelectual”, na qual caracteriza a falta de autonomia dos indivíduos sobre seus intelectos. Nesse raciocínio, ao observar a postura dos enfermos, percebe-se que o cidadão, incapaz de assumir uma postura crítica, torna-se refém da “Menoridade”, consequentemente inviabilizando a solução desse impasse.
Ademais, nota-se o quão longa costuma ser a jornada de trabalho dos profissionais de saúde, logo, dificulta a resolução do entrave, uma vez que vencidos pelo cansaço, acabam realizando sua função em modo automático. Nesse contexto, conforme Zygmunt Bauman, em sua teoria “Instituições Zumbis”, as instituições sociais, como o Estado, dissolveram suas funções de controle e regimento da ordem, sendo “zumbis” pelo fato de manterem-se vivos, mas sem eficácia de intervenção. É por essa razão que ao tentar tornar a medicina um serviço mais leve, visando tratar o paciente como um todo, estes praticantes visam o lucro de seus largos plantões ao invés da qualidade de um bom atendimento.
Portanto, é crucial reverter o quadro atual. Para que seja mitigada a maneira como tais profissionais estão tratando a saúde da população, o Ministério da Saúde deve implementar leis que limitem as longas jornadas de trabalho e oferecer cursos internos que abordem não apenas o tratamento da doença, mas também a compreensão completa da vida do paciente. Dessa forma, a população será capaz de sair da “Menoridade Intelectual” e, felizmente, concretizar os ideais aristotélicos.